Como recrutar o candidato certo para a vaga

 

Muito se fala no universo corporativo sobre como os candidatos a vagas de emprego devem se comportar ao longo dos processos de seleção. O outro lado, no entanto, costuma ganhar menos atenção. Afinal, como recrutar o profissional certo para uma posição aberta na sua empresa?

 

O recrutamento de candidatos é um processo trabalhoso, que toma tempo, atenção e dedicação. Se feito de maneira inadequada, pode custar caro à empresa em dinheiro e recursos humanos, além de não gerar os resultados esperados.

 

Para que o desfecho do processo seletivo seja a contratação dos profissionais mais adequados às necessidades da empresa, há passos que não podem ser negligenciados, a começar pela redação e divulgação do anúncio da vaga.

 

Um bom anúncio de vaga deve ser claro em relação à função que o candidato escolhido irá desempenhar, os requisitos mínimos para concorrer, a localização da empresa, entre outros detalhes. Quanto mais informações houver no anúncio, menos tempo se perderá para analisar a candidatura de profissionais que não têm o perfil desejado.

 

Também o meio de divulgação deve ser o melhor possível. De nada adianta anunciar uma vaga na área de vendas em um site frequentado majoritariamente por profissionais de TI.

 

Nada disso impede que profissionais inadequados se inscrevam à vaga. Mas certamente são esforços que reduzem as candidaturas fora do padrão.

 

Vale lembrar que, em tempos de crise como os atuais, é comum que pessoas com um alto nível educacional e ampla experiência profissional se inscrevam em vagas cujos requisitos estão abaixo do que têm a oferecer.

 

Em casos como esses, é necessário pensar bem. Um exemplo: será que um profissional pós-graduado ficará satisfeito com um cargo destinado a pessoas sem ensino superior completo? O mais provável é que esta pessoa deixe a empresa assim que puder e, em consequência, todo o trabalho terá sido em vão.

 

Por isso, além de divulgar a vaga corretamente, é preciso saber avaliar os currículos que chegam – e não costumam ser poucos.

 

A situação oposta também acontece. Muitos profissionais exageram sobre suas capacidades ao redigirem um currículo. Isso é muito comum no que se trata aos conhecimentos de idiomas, por exemplo. Qualquer recrutador já se deparou com um candidato que afirma ter fluência no inglês mas é incapaz de construir uma frase simples.

 

Em relação a isso, é presencialmente que se averigua quão sincero o candidato foi na redação de seu currículo.

 

Cabe aqui uma ressalva: os exageros não são cometidos apenas por parte dos candidatos. Muitas empresas divulgam vagas com pré-requisitos desnecessariamente elevados. Antes de determinar as habilidades que os candidatos devem ter, pense se elas são realmente essenciais para o desempenho da função.

 

Muitas vagas que exigem conhecimentos avançados do inglês não requerem que o candidato fale ou escreva uma palavra no idioma.

 

Portanto, escolher o candidato certo demanda transparência por parte da empresa, e também conhecimento do que se espera do profissional a ser escolhido.

Como lidar com a politicagem na empresa

 

Se você está no mercado de trabalho há um tempo considerável, é provável que já tenha se deparado com um problema que atinge muitas empresas: a politicagem.

 

Nem sempre é fácil perceber, mas aos poucos os sinais tornam-se evidentes: bajulações, favoritismos, distribuição desigual das informações e outros jogos de interesses que podem se instalar no ambiente de trabalho.

 

No fundo, a politicagem é uma rede de afinidades e amizades, estabelecida por determinados grupos de pessoas, que tem como objetivo a obtenção vantagens no que se refere a cargos, pagamentos, bônus e outros aspectos do cotidiano das empresas.

 

Este tipo de prática é muito prejudicial para o desempenho da instituição, pois distorce a estrutura hierárquica formal e premia atitudes improdutivas. Quando a politicagem rege o funcionamento de uma organização, o bom trabalho em equipe vale menos do que as relações que deveriam ser de caráter privado.

 

Nesta situação, a comunicação entre os colaboradores é disfuncional e falta a confiança necessária à boa performance coletiva. A longo prazo, isso afasta os talentos da empresa, tira o engajamento dos colaboradores, e mina a criatividade e a inovação. No fim das contas, a politicagem impacta a própria performance financeira do negócio.

 

Os efeitos negativos verificam-se também na carreira de cada profissional. Aqueles que não participam dos jogos políticos perdem oportunidades importantes e não têm seu esforço reconhecido. O resultado é a desmotivação: "Por que vou me dedicar se o 'queridinho' do chefe vai receber a promoção?"

 

Por outro lado, quem se favorece da politicagem também tem prejuízos para a sua carreira. Essa pessoa deixa de se desenvolver como profissional, dando prioridade à bajulação. Ela pode ficar dependente desta estrutura informal e até mesmo causar danos permanentes à sua reputação no mercado.

 

O que você deve fazer, portanto, ao trabalhar em uma empresa com esse problema?

 

Em primeiro lugar, é preciso saber diferenciar a politicagem da habilidade interpessoal. Uma pessoa pode ter um bom relacionamento com seus superiores sem que haja falta de ética.

 

Fazer política na empresa também não é sinônimo de politicagem. Apesar da conotação negativa que tem ganhado nos tempos atuais, a política é a articulação que tem como objetivo o bem geral. A politicagem, por outro lado, tem como fim último o benefício particular de quem dela participa.

 

Feitas as diferenciações necessárias, e constatada a presença da politicagem na empresa, é preciso resistir à tentação de participar dos jogos de bajulação e manipulação. Ainda que possa haver vantagens no curto prazo, os resultados finais sempre serão negativos, como vimos anteriormente.

 

No entanto, é importante entender como funcionam as redes de influência na organização e saber em quem confiar, e quem está fora dos jogos de favoritismo. Essas pessoas podem ser boas aliadas em sua trajetória na empresa.

 

Outro fator essencial é não deixar que este tipo de situação tire sua motivação em realizar um bom trabalho. Não pode faltar empenho, mesmo quando os esforços parecem não ser reconhecidos.

 

Depois de algum tempo, a situação fica constrangedora para as chefias e elas são obrigadas a premiarem a dedicação, ainda que a contragosto. Além disso, é melhor ficar conhecido por ter dado o seu melhor, em qualquer cenário.

 

Cabe destacar também que a ética tende a se destacar, sobretudo em um ambiente marcado pela promiscuidade nas relações. Mais cedo ou mais tarde, caem as máscaras, e aquele que se manteve íntegro em todo o percurso não é esquecido.

 

Por fim, nos casos mais extremos, em que a politicagem se mostra incontornável e já se entranhou na estrutura da empresa, a melhor solução pode ser mesmo procurar outro emprego. O que não vale é contrariar seus princípios para crescer dentro da instituição. 

A melhor idade no mercado de trabalho

 

“A sua mãe, a sua tia, a sua vizinha também pode fazer parte do Reclame Aqui. Nós estamos atrás de uma profissional, acima de 55 anos, que procura por uma recolocação e que o mercado talvez não esteja dando oportunidades de trabalho no momento”. Parece pegadinha, mas não é! Esse foi um anúncio publicado no Facebook pelo conhecido portal de reclamações, no ano de 2017. A vaga, que oferecia carteira assinada, vale transporte, vale refeição e plano de saúde, tinha como requisitos obrigatórios que a candidata tivesse mais de 55 anos e “gostasse de gente”.

 

O anúncio acende um debate e traz luz aos estudos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre o envelhecimento acelerado da nação e a escassez do profissional jovem. De acordo com as pesquisas, daqui a 13 anos, o Brasil terá mais idosos do que jovens. A diferença ainda será pequena: 18% da população terá cabelos grisalhos, enquanto 17,6% terá até 14 anos de idade. Ainda segundo projeções do IBGE, até 2050, a quantidade de pessoas idosas vai triplicar no país, alcançando 66,5 milhões de brasileiros – quase 30% do todo. 

 

Hoje já é possível notar uma grande população de cabelos grisalhos, sendo que boa parte está disponível para o mercado de trabalho, aguardando apenas uma oportunidade. Muitos, no entanto, perderam espaço no mundo profissional por conta da crise econômica que angustia o país há alguns anos. Por efeito da crise, muitas companhias trocaram colaboradores experientes – e mais caros – por jovens com salários menores. Típico da cultura brasileira que prioriza o curto prazo. E neste caso, o barato tem saído caro.

 

Algumas empresas ganharam em economia, mas perderam em capital intelectual, pois neste cenário, os fios brancos traduzem mais do que anos de vida. Para a analista de recursos humanos Daniele Spolador os profissionais grisalhos têm mais inteligência emocional e experiência em relação a estratégia, porém perdem em aptidão para novas tecnologias e, em alguns casos, se apresentam mais resistentes a mudanças.

 

“Temos muito mais pontos positivos do que negativos em contratar profissionais mais velhos. Porém, o mercado de trabalho tem se mostrado cada dia mais dinâmico e, dessa forma, os profissionais precisam estar em constante aprimoramento, independente da idade”, Daniele.

 

Não à toa, empresas como o Reclame Aqui, Gol e Grupo Votorantim estão abrindo espaço para esse público. A companhia aérea Gol, por exemplo, criou o programa Experiência na Bagagem, que busca candidatos com mais de 50 anos para a área de atendimento ao cliente, com jornadas flexíveis de quatro e seis horas. Já o Grupo Votorantim incentiva o recrutamento de profissionais acima de 45 anos para trabalhar no centro de excelência em soluções compartilhadas, que presta serviços para todas as investidas de negócios do grupo. Atualmente, 14 profissionais de 45 a 67 anos atuam nas áreas de contabilidade, finanças e controladoria na unidade de Curitiba no Paraná.

 

Exemplos como esses ainda são pequenos se comparado ao tamanho do universo corporativo brasileiro. Enquanto no Brasil o nível de ocupação dos idosos em 2015 era de 26%, na Suécia a taxa de profissionais empregados com idade entre 55 e 64 anos era de 66%, conforme dados de pesquisa realizada pela consultoria PwC e a Fundação Getúlio Vargas. 

 

Dentro desse contexto, a empregabilidade de pessoas mais velhas se apresenta benéfica em vários sentidos. Traria uma significativa economia para a Previdência Social, melhora na qualidade de vida dessas pessoas e, especialmente um incremento de 18,2 bilhões no PIB.

 

Talvez todos esses argumentos justifiquem o termo “melhor idade”. 

Comportamento profissional nas Redes Sociais

 

Um conhecido ditado popular diz que “bom senso e chá de erva cidreira não fazem mal a ninguém”. A mensagem nunca se fez tão útil como nos dias de hoje, em que a conexão online é intensa e ilimitada, 24 horas por dia. Aparelhos multifuncionais e recursos para redes sociais são apresentados diariamente em um convite para interação e participação cada vez maior nas mídias. Porém, alguns cuidados devem ser tomados para que o usuário não cause armadilhas para si. Ciladas que podem comprometer uma imagem profissional e levar até a prejuízos jurídicos, em casos de ofensa a honra, dignidade e a imagem de alguém.

 

Pesquisa realizada pela Office Team, empresa do grupo Robert Half – especializado em recrutamento e seleção – aponta que o comportamento inadequado nas redes sociais pode manchar a reputação de um profissional. Para 45% dos 300 gestores de recursos humanos entrevistados, postagens inadequadas podem custar a participação em processos seletivos. Entre os entrevistados, um em cada três afirma que publicar ou ser marcado em fotos questionáveis são as principais gafes cometidas.

 

A pesquisa mostra também a pouca importância dada pelos usuários à sua imagem profissional na internet. Muitos consideram as redes sociais como lugares para diversão ou para desabafos. O que pouca gente lembra é que os recrutadores usam as redes sociais como ferramenta de análise de perfis profissionais e de possíveis candidatos.

 

É comum ver centenas de likes nas fotos em que os usuários aparecem em viagens ou festas, regadas a bebedeira, “pegação” e pouca roupa. O que pode parecer popularidade aos olhos do protagonista deixa claro aos profissionais de RH a falta de bom senso do profissional.

 

Assim como as fotos, as opiniões também são percebidas nas redes, especialmente no Facebook e LinkedIn, que se transformaram em territórios para opiniões, debates e polarizações sobre qualquer assunto, de política à igualdade de gênero. Neste campo, a diferença entre a argumentação e a agressão se encontram em uma linha extremamente tênue. 

 

De acordo com a opinião de diversos gerentes de RH, mesmo diante de tanta informação, ex-funcionários ainda usam as redes para criticar empresas ou ex-chefes. “Os candidatos estão mais conscientes com relação a exposição, mas ainda existem alguns casos. Aqui vale lembrar o famoso conselho que todo mundo deve ter ouvido em casa “se você não tem nada de bom para falar, não fale nada”, expõem.

 

De acordo com os profissionais de RH, o mercado de trabalho está cada vez mais dinâmico e é comum um profissional passar pela mesma empresa mais de uma vez. “É preciso usar as redes sociais com maturidade para evitar constrangimentos. O bom senso é fundamental para que o profissional tenha as portas da empresa por qual passou abertas em qualquer momento da vida”, concluem.

 

Como se vê, o mundo é redondo e o lugar que parece ser o fim pode ser o começo. 

"Girl power" discurso ou construção

 

Após três longos anos a economia ensaia uma tímida reação – o suficiente para encher de esperanças o coração de milhares de brasileiros que estão em busca de uma oportunidade no mercado de trabalho. E com elas as discussões em torno de equidade de gênero. O termo “girl power” tem sido mote para longos debates, no terreno fértil da internet. Há quem defenda que o empoderamento feminino esteja sendo usado de forma equivocada pela publicidade para a criação de mais um estereótipo vazio. Enquanto outros estão preocupados em garantir que homens e mulheres tenham as mesmas oportunidades, no que diz respeito a carreira e renda.

 

Fato é que os mais variados estudos feitos em todo o mundo mostram uma diferença alarmante no comparativo de participação entre homens e mulheres no mercado de trabalho. São poucas, para não dizer raras, as mulheres que alcançam altos cargos hierárquicos dentro de uma empresa. E ainda mais raros os casos em que, já no patamar mais alto, o salário condiz com sua função.

 

De acordo com estudo desenvolvido pela Women in the Workplace 2017, promovido pela consultoria McKinsey, há uma falsa ideia de que a busca pela equidade de gênero seja pauta diária no mundo corporativo. Os números da pesquisa, feita com base no mercado de trabalho americano, sugerem que pouco ou quase nada tem sido feito.

 

Em um comparativo entre homens e mulheres brancas em cargo de vice-presidência, a participação masculina é de 70%, enquanto a feminina é de 18%. Os números mostram que além de gênero a desigualdade racial prejudica os acessos, realidade parecida com a que temos no Brasil. Na comparação entre homens e mulheres negras/ latinas, a discrepância se mantém, sendo 9% de homens americanos no cargo contra 4% do público feminino.

 

Além de trazer igualdade, aumentar a participação feminina no mercado de trabalho ainda traria consequências positivas para a economia. De acordo com o estudo Perspectivas Sociais e de Emprego no Mundo – Tendências para Mulheres 2017, da Organização Internacional do Trabalho, a redução das diferenças de gênero poderia aumentar o PIB brasileiro em 3,3% ou 382 bilhões de reais, e acrescentar 131 bilhões de reais às receitas tributárias. Para isso, seria necessário atingir em 25% a desigualdade na taxa de presença das mulheres no mundo do trabalho até 2025, compromisso já assumido pelos países que compõem o G20.

 

Os dados da pesquisa mostram que o “girl power” precisa sair do discurso para, de fato, se tornar uma construção. E construir o espaço para a “mulher poderosa” não se faz do dia para noite. Ainda há tempo. Porém é preciso começar.